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Civilização Brasileira
O segundo lugar mais perigoso para atravessar a rua é a faixa de segurança. Se o sinal ficou verde para o pedestre, quem garante que o motorista não irá acelerar para escapar, no último instante, do mortal tédio da vermelha imobilidade? Se o verde para o pedestre está prestes a findar, como adivinhar se o motorista não irá arrancar antes do instante convencionado, cantando pneus?
Lugar mais perigoso que a faixa de segurança, só mesmo adiante da faixa, mas a diferença é pouca, pouquíssima, nenhuma, na verdade.
Melhor é atravessar antes da faixa, esgueirando-se pelo meio do bolo de carros parados ou parando, pois um eventual atropelamento será, por efeito do próprio bolo, em baixa velocidade, com baixa intensidade.
Talvez a mais segura alternativa seja atravessar, afinal, na própria faixa, porém, descartando os instantes iniciais e os finais do intervalo de tempo verde para o pedestre. Digamos que esse teórico intervalo seja de dez segundos. Devem ser descartados os três segundos iniciais e os três finais. Os quatro segundos que restam no meio do intervalo fornecem o tempo suficiente para atravessar correndo, a salvo dos enganosos três segundos iniciais e dos surpreendentes três finais.
A existência só pode ser bem vivida na ordem, com progresso, e, justamente por isso, ela está organizada de cima para baixo pelo valor mais alto do direito à propriedade. O carro é uma propriedade que perde seu sentido se alienada do particular direito de ser móvel. O pedestre precisa aprender sobre o seu lugar.
Os pais devem ensinar aos filhos o que está posto acima. A educação é o pilar da cidadania.

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